sábado, 9 de fevereiro de 2008

Faltou dizer, pai!

Ao me despedir de meu pai hoje à tarde, beijei seu rosto e, ao abraçá-lo, ouvi bem de pertinho: "felicidades!". Até agora estou pensando naquele momento. Ele estava aniversariando e não ouviu de mim palavra que tivesse significado parecido. Disse o rotineiro parabéns quando cheguei. Pouco falei com ele, a propósito.
Enxerguei ali um homem de bastante idade ainda interessado em mim, no meu caminhar. Tenho um pai que desde sempre esteve conferindo a liberdade que me concedeu muito cedo. Acompanhando minha história, sem quase fazer barulho. Sempre aguardou o momento de intervir em inúmeras situações da minha vida. Procurou dar força, sem pressionar muito e criticar com bons argumentos. Nas divergências inevitáveis em alguns desses momentos, nunca se mostrou distante no carinho, pelo contrário. Eu sabia com toda clareza que o carinho estava ali, de braços dados com a pior das broncas. Houve o que eu não gostasse, por parte dele também, e até silenciamos um com o outro. Mas o desfecho era, sim, uma conversa, com disponibilidade, atenção.
Olho pra aquele homem tão mudado, envelhecido, carregando as marcas da sua idade, com muita gratidão.
Coleciono muitas lindas lembranças da minha vivência com ele, em todas as idades. Saber que sempre pude e posso contar com um pai, com esse pai, que sempre confiou em mim e em meus irmãos, que cumpriu seu papel dignamente, é para agradecer a Deus mesmo, eu sei.
A felicidade que ele me desejou na despedida me remeteu a sua própria presença.
Ao fato de ainda ter meu pai, de sabê-lo por aqui e ter consciência de que tenho que cuidar bem desse homem que sempre cuidou de mim.