quinta-feira, 25 de junho de 2009

My Little Michael


"Do you remember
...
we were so young, and innocent, then
Do you remember
How it all began?
It just seemed like heaven
So why did it end?
..................................
Those special times
They'll just go on and on
...................................
Those sweet memories
Will allways be dear to me".......................................

Why did it end?

No jeito de olhar, de falar, no sorriso, na voz ...fácil perceber o menino Michael ali.
Falando, cantando, dançando.
Somos da mesma geração.
Cresci ouvindo samba, Beatles, Roberto, Erasmo, todos da Jovem Guarda, enfim. Entusiasta de carnaval, da alegria contagiante, do brilho, das coreografias de toda essa mistura musical. Tudo isso me levou a estudar piano. Queria tocar direto na veia.
Até que, perto dos 12 anos ouvi, pelo rádio, uma voz que me paralisou. Não conseguia desgrudar, não queria nem respirar ,pra me concentrar bem... ouvir aqueles agudos, aquele soul carregado nos graves. Lento sensual. Instantaneamente , me apaixonei ...."Ain't no sunshine, when she' gone....It's not warm when she's away"...
Passei um tempo curiosíssima, perguntando a Deus e ao mundo quem era "a tal cantora", queria ter a sorte de ouvir de novo, de me extasiar com aquele som, com aqueles naipes.

Finalmente, conheci. Não só ouvindo. Vi o dono daquela voz que me arrebatou. Pra sempre. Com a qual convivi. Com a qual cantei junto milhões de Got To Be There, I'll Be There, Ben, Music And Me, ABC...
A soul music, a leva dos grandes da Motown, entraram na minha vida definitivamente.
Dentre todos, meu amor especial era por Michael.
Aquele menininho de lindas covinhas e ritmo em todas as partes do corpo.
Estive tão perto dele em coração, que é como se o conhecesse.

Comprei meu primeiro disco.
Tive a felicidade de ir ao show do Jackson Five no Maracanãzinho, com meus quase quatorze anos.

Senti meu coração pulsar sem controle , por presenciar lindas pessoas e poderosos artistas, executando tantas belas canções e coreografias contagiantes. Naquela noite, não existia a distância geográfica, Graças a Deus. Dancei demais com meu primeiro ídolo de verdade, sem piscar durante os passos, que já conhecia. Não podia perder nada, eu estava diante deles...Cantei até perder a voz...sabia todas as letras. Inesquecível!!!
Vê-lo dançar e cantar pessoalmente foi mais do que marcante. Uma emoção intensa.

Não tenho fotos, ingresso, lencinho que ele jogou...nada assim. Apenas a força das imagens que tenho na memória de algo maravilhoso que consegui realizar como fã e admiradora.
Nunca me distanciei dele. Amo toda a sua criação, seu mega talento. Me arrepio assitindo aos seus vídeos de criança. Por ver a absurda naturalidade da sua potência de voz, projetada sem muito esforço. O seu belo vibratto, seu timbre , suas modulações, sua criatividade.

Sempre fiquei apaixonada observando como a pulsação, o compasso , entravam e fluíam pelo seu corpo. Assim era ele próprio a harmonia, a bateria, o baixo, toda a marcação. Por isso sua dança era a sua dança. Seu estilo único, que desde pequenininho trouxe a diferença. Esse aspecto sempre me fascinou, me encantou!
Até hoje (e sempre será assim), olho atentamente pra ele durante sua performance, às vezes focando em seu rosto... ali está a plenitude.
Dividindo com milhares, com milhões, o seu prazer, a sua emoção, ao realizar o que de mais natural existia nele.
Tinha medo de que ele não pudesse mais mostrar nenhum novo trabalho, por limitações relativas a custos de produção, reclusão, sei lá. De que nunca mais ouvisse o anúncio de uma turnê. Pensei muito sobre isso, ultimamente. Talvez um sentimento nostálgico. Quem o viu desde o início, não quer nunca mais deixar de ver.
Suas loucuras e/ou necessidades e/ou excentricidades com relação a vitiligo, figurinos, plásticas, vida financeira, intimidades impróprias, máscaras, filhos de origem não convencional, mudança de cor...nunca ofuscaram o brilho infinito do artista ímpar que é. Ainda sinto assim.
O pequeno Michael do Jackson Five ficou adulto. Chegou aos 50. Mas eu sempre vi aquele menininho no seu sorriso e na sua personalidade.
Minha história, hoje, veio toda à tona. Tudo que vivi de alegrias, felicidade, sensibilidade, musicalidade, quando ele esteve presente, de alguma forma.
Meu profundo respeito.

Profundo amor, admiração...emoção.
Não posso me despedir.
Não tenho um adeus pra dizer, nem pra pensar.
Só consigo sorrir e chorar por ter vivido esses momentos.

I'll remember you
Though I don't meet you now
You'll stay in my heart
Forever.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

UM LUGAR DE VERDADE

Dizer tanto, tanto de importante.
Revelar tanto do íntimo. Depois perceber que nada chegou ao lugar certo.
Muitas palavras que caem no vazio.
E tudo se perde.
E angustia, frustra. Devolve o primeiro passo.
O gosto bom foge da boca. Volta o amargor.
Procuro entender qual é o sentido desse meu movimento.
Prudente pensar a única coisa sensata : talvez não haja mais esse lugar para abrigar, acolher , compartilhar , repartir.
Não sei mais onde esse lugar fica. Nunca mais o encontrei.
Talvez esteja muito modifcado, para que eu não o encontre mais.
A sensação de perder o rumo se origina em não reconhecer onde estou e de não ter certeza aonde estive. Isso é possível, sim. É real.
Muito de mim deveria estar mais resguardado. Aparentemente, não esteve.
Tenho grande amor pelo que defendo e não sou mansa com isso.
Mas muita coisa me assusta, então mudo de aparência. Vejo minha imagem desfocada.
Sinto tanto por ter desperdiçado palavras valorosas... dói, martiriza.
Não causa só tristeza. Dá uma espécie de desesperança...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Te beijo com um desejo imenso. A vibração que emana de você é idêntica. Fácil sentir.
Como mágica, estamos na mesma sintonia. Nossos braços procuram forças pra abraçar o outro
, tentando valorizar esse nível de sentimento. Parece não ser suficiente. O enlace é sufocante, mas prazeiroso. As bocas quase devoram, se ferem, tentando exteriorizar o fogo, querendo mesmo incendiar a si e ao outro.
Sinto suas pernas suarem , entrelaçando-se com as minhas, e nossas mãos ávidas por tocar toda a extensão de nossos corpos. Qual é esse limite? Não há! Minhas mãos te apertam , as suas me exploram deliciosamente.
Sedentos pelo gosto do outro, nos mordemos , nos molhamos com nossas línguas.
Ora fecho meus olhos, ora miro dentro dos seus. Nos queremos. Por inteiro. Por completo, queremos estar um dentro do outro. Um mergulho que acontece com naturalidade. Pela entrega.

Estarmos conectados em corpo e alma me faz conhecer a maior emoção de todas.
Conhecer essa emoção é, de fato, um privilégio.

sábado, 3 de janeiro de 2009


Passa de 11 da noite. Concluí que não tive um dia bom. Não estive tranquila. Um mixto de ansiedade, tristeza, sonolência, carência, nervosismo e raiva. Mas, na maior parte do tempo, senti mesmo foi o peso da carência e da raiva. Tentei me concentrar em leituras, mas não consegui. A todo instante, involuntariamente, era invadida por lembranças de cenas em que ouvia, via o que me causa repulsa, indignação... não sei, mas queria explodir!!!!!!

Comecei, então, durante o tempo em que dirigia, voltando pra casa, o que aconteceria se eu, de fato, me desintoxicasse, colocando tudo isso que me envenena, pra fora!

Tenho a impressão de que seria capaz de esmurrar qualquer coisa, até quebrar meus braços. E nem sentiria. E se fosse isso, acrescido dos gritos que estão presos aqui dentro, que fazem com que eu pare de respirar? Palavras esbravejadas com toda a força dos pulmões e da revolta. Não por ser incompreensiva, desumana. É justamente pelo contrário...quero ser humana e compreensiva... mas comigo mesma, meu Deus!! Quero ter TODO o direito de falar em voz alta sobre como é duro ter me submetido a atos desrespeitosos, que me fizeram sentir considerada alguém bem diferente de quem eu sempre pensei ter sido.

Já me rendi a essa realidade, é óbvio! Como todo mundo, fui norteada por valores morais e sociais . Desde sempre acreditei neles!!

Meu auto-conceito , que inclui falhas, muitos erros, justificariam causar antipatia, indiferença, distância. Mas julguei não haver lugar pra deslealdade ou traição, dentre todos com quem sempre lido e lidei, com quem acho que fui boa pessoa.

Sei que não estou sendo injusta com ninguém, que não estou pecando, sobretudo!!

É que hoje, estive carregando alguém muito além do meu peso. E descobri que esse é o peso de uma mágoa.

Atualmente, estou transformada, sim. Em baixa, em crise, sentindo tudo com força. Saudades, carência, ressentimento, sentimento de culpa, gratidão a Deus! Estou aqui, diante de meu próprio sentimento, analisando como é seu semblante. Que cara ele tem, que poder ele tem. Dialogo com ele todos os dias.

Até que eu possa emergir, não sei quanto tempo terá passado. Não sei quantas escadarias terei subido e descido. Não sei quantos papéis terei rasgado, quantas fotos terei me negado a rever. Quantas vezes terei forçado meu coração a continuar quieto, a admitir que uma parte de mim morreu. E chorar muito por isso...Quantas vezes terei rogado paciência e paz a Deus.

Não sei o que vai sobrar, o que estará intacto ainda. O que tanto estou fazendo por aqui.






sábado, 27 de dezembro de 2008

O Bem da Quietude


Fim de linha.

Em vão. traguei meus piores pensamentos, meus maiores medos.

Pequei pelo excesso e pela omissão.

Pequei pela negação. Pela reação incompatível com a dimensão da tormenta que me abateu.

Tenho recursos, graças a Deus!!

Mas não sou insensível a palavras que estão aqui, cravadas como flechas em meu corpo.

Ainda não as removi.

Desconhecia muito do lugar que ocupava, do que significava minha pessoa e o triângulo formado por mim e meus filhos.

Estou procurando quietude, tomando consciência de tudo. Um processo trabalhado a passos lentos. Tem me exigido muito de auto-conhecimento, de frear meu lado impulsivo, de ponderar muito sobre o que cada um vive, como cada um de nós lida com o que pesa, com o que dói , com o que é difícil.

Preciso olhar de frente pra tudo que tenho, forçando os olhos a ficarem abertos! Não é possível virar o rosto, nem um pouquinho, pra aliviar. Preciso mergulhar na dor, no lamento, na essência. É preciso olhar para aquelas flechas e removê-las, com cuidado, sabendo que o que vem a seguir me fará chorar, gritar. Que por minhas mãos, o tamanho da ferida vai se mostrar . Tenho que encarar, sim. Mas só no momento certo, quando me sentir pronta.

Sofri e trabalhei duramente pra encontrar esse momento.

Não dá mais pra adiar.

sábado, 1 de novembro de 2008

O que carrego


Quando a porta abriu

vi que ali partiu

um desejo de vida.

Coração a mil...a milhão

mal assimilando a decisão

da qual não fiz parte.

Um adeus ausente, um descarte...

Dúvidas embaralhadas,

mil porquês desrespeitados,

deixaram subjugadas

alianças aparentemente entrelaçadas.

Uma mistura angustiante era tônica.

Um ato de desbravar, de se permitir

uma quase loucura.

Sorrisos querendo escapulir,

todo cuidado pra não se trair...

Se consumava uma ruptura

com ares de dor e bem-querer.

Grandes conquistas. Muito amor.

Muitas coisas desconhecidas

ficaram sem ser ditas.

Já me virei do avesso.

Já me entreguei ao despudor.

Já me feri com a raiva e a mágoa contidas.

A surpresa

a precipitação

o vazio

a saudade

a tristeza

a frustração

o sombrio

a verdade

a incerteza


De que é feita essa dor?

Luto a cada dia para descobrir. Sei que aí reside a clareira que talvez me faça respirar de novo. Depende de como vou estar quando chegar lá.





segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Chuva em mim


É tarde da noite. A chuva está quase passando.
Veio pela manhã e se nega a ir embora, persiste. Tento sentir seu delicioso cheiro o máximo de tempo, me debruço tentando alcançar a água fresca e finíssima. Gosto de fechar os olhos e deixar meu rosto sob aquela névoa molhada, geladinha. Um arrepio percorre minha nuca e viaja por todo meu corpo. Adoro essa sensação. Repito várias vezes esse ato, esfregando minha mão direita por trás das orelhas, cabelos, até os ombros. Deixo-me levar por essas ondas de arrepio até vir aquele calafrio inevitável. Fico mais um tempo ali, nesse quase abraço.
Começo a olhar mais atentamente para os fios de um poste a outro. Tenho uma visão linda dos pingos que ali ficaram, caprichosamente pendurados, equidistantes. Por cada ângulo que olho, os pinguinhos assumem uma cor e uma luminosidade. Verde, vermelho, laranja, branco. Um pisca-pisca natalino feito de água.
Durante uns minutos fico sentindo o friozinho e admirando aquela arte da natureza.
Querendo gravar em mim um momento que é capaz de harmonizar meus sentidos.