sábado, 1 de novembro de 2008

O que carrego


Quando a porta abriu

vi que ali partiu

um desejo de vida.

Coração a mil...a milhão

mal assimilando a decisão

da qual não fiz parte.

Um adeus ausente, um descarte...

Dúvidas embaralhadas,

mil porquês desrespeitados,

deixaram subjugadas

alianças aparentemente entrelaçadas.

Uma mistura angustiante era tônica.

Um ato de desbravar, de se permitir

uma quase loucura.

Sorrisos querendo escapulir,

todo cuidado pra não se trair...

Se consumava uma ruptura

com ares de dor e bem-querer.

Grandes conquistas. Muito amor.

Muitas coisas desconhecidas

ficaram sem ser ditas.

Já me virei do avesso.

Já me entreguei ao despudor.

Já me feri com a raiva e a mágoa contidas.

A surpresa

a precipitação

o vazio

a saudade

a tristeza

a frustração

o sombrio

a verdade

a incerteza


De que é feita essa dor?

Luto a cada dia para descobrir. Sei que aí reside a clareira que talvez me faça respirar de novo. Depende de como vou estar quando chegar lá.