sábado, 3 de novembro de 2007

Um grande desafio

Entre setembro e outubro de 20 anos atrás conheci extremos que me marcaram muito. Modificaram meu foco no modo de viver.
Eu vivia uma gravidez até então desconhecida e fui supreendida por um sangramento muito diferente, de coloração marrom e textura encorpada. Nessa época era acompanhada por um médico que, no próprio consultório, fez um rápido exame, me contou a novidade congratulando, informando meu tempo de gestação, data possível de nascimento do bebê (segundo ele, 16 de maio). Passado esse primeiro momento, não veio absolutamente nada que normalmente faria parte da rotina clínica. Exames de imagem, sangue, enfim, o esperado para um bom pré-natal. Fiquei naquela espera e nada. Insisti um pouco sobre o aspecto do sangramento....nada ainda.
Em casa, me sentia completamente insegura, com aquele persistente estado e ainda com cólicas. Sentia que as coisas não estavam bem, aquilo não era normal. Ter saído daquele consultório sem um único pedido de exame não era normal.
Eu só fui piorando, pois o sangramento aumentou em volume, as dores foram gradativamente se intensificando. Eu fazia contato com o tal "médico" e ele em nenhum momento quis me ver, me atender, ou se mostrou preocupado. Disse que deveríamos rezar, pedir a Deus que não fosse nada muito sério...mas eu dava toda a descrição do que acontecia comigo! Ainda assim nada parecia ser tão sério assim.
Só que em questão de 5 dias, já não tinha forças nas pernas, fui ficando bem debilitada. Ficava deitada e sentia perfeitamente quando meu corpo ia expulsar mais um jorrão de sangue. Aí eu já estava na casa de minha mãe. Ligando pro médico, falando das dores, das contrações, em vão...
Mais 2 dias perdendo muito sangue, em maior volume e perdi tudo que havia dentro de mim. Em casa mesmo, como se não tivesse direito a nada. Claro, depois disso, este "médico" me fez uma curetagem. Mas ele não parou por aí.
Após toda essa luta contra o que meu próprio organismo queria e precisava fazer, conheci algo diferente de tudo que já conhecia sobre temores, angústia. Nada, nada antes foi tão assustador e paralisante. Conheci a depressão, na sua forma real de doença, com todo o poder destrutivo que ela pode alcançar. Eu não sabia que era daquele jeito. Como a maioria das pessoas, eu acreditava que estar triste demais, mesmo com bons motivos significava depressão. E não é nada disso. Tive sensações físicas e mentais que não produzi conscientemente. Na verdade eu nem estava tão entristecida assim.
Mais de uma semana depois do aborto eu estava de volta ao trabalho, na sala de aula, e tive uma espécie de "apagão". Meu cérebro parou de funcionar por instantes e quando voltei a mim, na frente de meus alunos, estava com um pavor louco, irracional, e saí correndo. Fui até a secretaria e todos me acudiram , preocupados com o que viam. Minha figura estava modificada. Me sentia com tanto medo, parecia que algo terrível iria me alcançar em segundos e eu não tinha defesa alguma. Nessa pausa em que saí da sala de aula, ouvi de tudo. Que estava sem vitaminas e potássio pela anemia, que o meu tremor era isso, que minha cabeça era aquilo...ok, recebi carinho e depois fui pra casa. Nem imaginava que tudo estava só começando...
Foi um longo período. Período de estar imersa em várias sensações de pânico, falta de apetite, uma grande carência. Se fosse possível, sairia de meu próprio corpo, pois sentia medo dele. Às vezes, quando vinham aquelas ondas de angústia exacerbada, ficava com raiva de mim mesma, ficava fora de controle, me auto punia de várias formas. Em geral eu me isolava pra sofrer tudo, fugindo de ouvir de alguém qualquer palavra que me confundisse. Quando começava a ouvir qualquer pergunta sobre meu abatimento ficava nervosa, irritada, pois nada sabia do meu presente nem do meu futuro. Só sabia que queria meu passado de volta, a minha pessoa de quem gostava, que estava num momento tão bom de vida, de volta. Tinha um verdadeiro pavor de engravidar de novo. Com isso, me tranquei verdadeiramente, como se isso pudesse me manter um pouquinho segura. Minha vida social, de todas as formas se tornou um lixo, um nada. Era quase impossível me relacionar. Não dava pra brincar muito, pra sorrir à toa, pra amar. Quase todos os dias acreditava estar com uma nova doença. Aquele tal "médico" reforçou todo esse sentimento. Ele não recomendava que eu procurasse ajuda psicológica ou psiquiátrica alguma. Segundo ele, eu me tornaria uma dependente, não teria vida. Não tive foi enquanto permiti que ele me atendesse como médico. Definitivamnete foi um grande erro. Ele foi o que de mais negativo aconteceu durante esse tempo.
Via todas as coisas de forma igual. Tudo era sem luz, sem cor, sem vibração. Eu me fazia muitas perguntas. Todas vinham ao mesmo tempo, embaralhadas, sem organização. Mas era só esse amontoado, não haviam respostas. Eu me perguntava como era possível viver sem me alegrar para nada. Sem motivação, sem amor, sem alma.... sem ALMA. Isso foi o que descobri. O ponto principal.
Perder minha própria matéria foi o que abriu todo esse vazio. Eu era o vazio entre minha pessoa e aquela que não pôde ficar dentro de mim. Eu não sabia que esse espaço era tão grande assim!!! Vaguei, vaguei muito, completamente perdida. Me lembro bem de uma tarde em que me encostei numa parede e tive uma espécie de delírio, em que me vi dentro de um rodamoinho.Estava ali dentro, sendo levada toda contorcida.Foi escurecendo, porque fui sumindo. Parece que estive morta por um momento. Quando "acordei" estava chorando muito e gritei pra Deus me salvar! Não tinha como retomar a direção, achar o caminho de volta, por falta de conhecimento mesmo, de informação. Não sabia que podia ser ajudada , até com medicamentos. Não houve esse esclarecimento na época.
Só me sobraram 2 coisas fundamentais. Por algum motivo, Deus me queria vivendo essa experiência, conhecendo a fundo e compreendendo essa doença, o vazio. Hoje, já estudei muita coisa, me permito ter alguma autoridade sobre o tema. Outra foi o apoio incondicional e assíduo do meu amor. Eu não sabia o quanto esses cuidados de amor, carinho e paciência me ajudavam e faziam a diferença. Ele me mantinha ligada à vida, só que eu não percebia. É assim que acontece. Só após um ano, quando eu fui voltando, é que comecei a entender isso. Aí era hora de abandonar a minha velha muleta (o doutor). Comecei a sentir um pouco de vida voltando. Foi bem aos pouquinhos.
NASCI DE NOVO! TIVE UMA NOVA CHANCE!!!!
Infelizmente, muitas pessoas passam por algo parecido e não identificam, não se tratam adequadamente, nem sequer recebem apoio. É que ao redor, a maioria ignora o que seja esse mundo da depressão. As pessoas, em geral, não acreditam que algum fato (às vezes nem tão grave) possa transportá-las sem aviso pra lá. Hoje mesmo acompanhei pela TV o caso de um senhor que esteve nesse "mergulho" pela perda da identidade profissional. Achei interessante como ele denominou a depressão. Ele ficou quase um ano sem motivação, sem alegria, sem ser alguém pra família. Ficou prostrado e inerte, confuso.Graças a Deus ele foi ajudado (mesmo sem entender nem participar) e hoje está trabalhando novamente e se levantou, sente orgulho do que reconquistou. Deu conselhos importantes pra quem pudesse estar passando por isso.
Por isso tudo gosto demais quando posso ser alguém pra outro alguém, se há a presença de algum sintoma desses, fico preocupada, pensando na vida que pode se perder sem mais nem menos. Em tudo que passei... É tão bom quando a gente pode fazer a diferença!!
Deus, agradeço com toda verdade por esse grande desafio, por esse grande aprendizado!!



domingo, 21 de outubro de 2007

Desabafo do dia

Tenho que fazer uma escolha a cada dia. A cada amanhecer, penso no que pode vir, nos meus desejos mais ocultos, nos meus amores, nas minhas perdas, nas minhas vitórias. Em lutas que travei estando no chão, ferida e sem armas. E em como fui conseguindo construir, de alguma forma, um caminho de retorno. Na sensação de quando me dei conta que estava de volta à vida. Penso na minha saúde mental, emocional e física. Nas sensações de abraçar e acarinhar. Vou me baseando em todo esse repertório pra mentalizar meu dia e elaborar como realizar algo não necessariamente feliz, de forma banal, mas minimamente produtivo
Como já sou bem cascudinha pra ser cheia de ilusões, de sonhar com vida cor-de-rosa, concluo que só me sobram meus princípios. É tudo que realmente tenho. É minha fortuna, o que poderei deixar, de fato, para meus filhos. Guardo-os com grande cuidado, nem quero mais que tantos possam vê-los de forma escancarada. É como um olho gordo. A ameaça de corrompê-los pode ser real, sei lá. Por via das dúvidas, devo conservá-los em meu poder como um verdeiro tesouro. Não posso e não quero nem perdoar quem se aproximar deles com má intenção.
Essa é a melhor escolha de cada dia. Proteger a integridade dos meus princípios. A todo custo!

domingo, 14 de outubro de 2007

Até logo

Logo te encontrarei. Mulher, fica por aí um tempo. Prometo que venho te pegar, que não vou sumir, não vou fugir...é uma promessa! Costumo honrar minhas promessas. Ache um bom abrigo, enquanto isso. Enquanto eu corro a vida, buscando um lugar mais bonito pra nós duas. Talvez seja boa idéia você se esconder no meu álbum de fotos. É, é bacana. Fica por lá, de vez em quando eu dou uma olhadinha em você, recordo, me satisfaço rapidamente e bastou. Não sei, acho que também poderia ser no meu teclado. Querendo te sentir um pouco, eu toco uma canção significativa e pronto.Deu. Bem, no meu coração? Não, aí não dá, vou te ver demais. Eu sei, parece escondidinho, né? Mas não é. Seria improdutivo, imprudente, até. Olha, que tal no sorriso? Boa, acho que essa foi a melhor opção. Quando eu olhar de frente pro espelho, me perceber por inteiro, me reconhecer, sentir pulsar forte o coração, naturalmente vou dar um sorriso. O mais belo. Com pureza da alma. Vou te ver nesse sorriso, te redescobrir, lembrar que nem lembrava tanto assim de você. Prontamente vou me repreender por ter deixado você dentro desse abrigo sem quase fazer contato, me esperando, pensando ter sido abandonada...isso não. Ao contrário! Vou dizer aquele "eu não disse que vinha?" . Te abraçar com a maior alegria do mundo. Ai, que reencontro dos deuses!! Vamos , vamos, que a vida nos chama!
Mas só por agora, espera . Já tô voltando.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Alma e coração


Tenho muitas carências, não me envergonho por confessá-las. Sinto-me delicada demais perto de alguns, que considero muralhas. E sinto medo, muitas vezes, de ser atingida pelo reboco dessas muralhas. E sou.

Não adianta espernear, apelar pra emoção, não tem jeito.

Conheço a sensação de perder amigos. Não por morte, não por brigas, não por afastamento natural da vida, viagens. Mas por simples incapacidade de mantê-los. Um defeito antigo.

Ao longo da vida, fui aprendendo a dureza dessa experiência. Aos poucos, juntando maturidade e muita terapia, foi se revelando essa minha habilidade. Desde a minha primeira vivência até os dias de hoje, considero -me a mesma menina quando acontece. Porque dói muito, não consigo evitar. Começo a ter a minha crise de abstinência e entro em luto, de novo. Mais um tempo tentando admitir que dá pra seguir sem mais aquela pessoa. Mas durante aquele mau pedaço recorro a meu amor próprio e percebo que é pouco. A sensação de abandono não se abranda. Ainda me falta o entendimento necessário pra reformular, reelaborar modos de agir, sei lá.

É, tô lamentando, sim. Estou entristecida, sim, tô cansada dessas perdas e tô aqui buscando nesse espaço um pouquinho de força pra estar de pé amanhã e seguir em frente.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Sentir Deus


Há uma luz que se mostra, lenta, na minha frente. Caminhos que sinto serem apresentados, ainda sem sentido, sem coerência. Já aprendi que quase tudo de que espero coerência não produz satisfação, talvez eu ainda nã tenha enxergado as coisas com alma totalmente adulta.

Deus faz coisas mágicas acontecerem, a gente é que tropeça nelas e tem que estar ali sentindo, de coração, pra poder vê-las. É assim que começo a ver a luz que mencionei no início.

Meu coração dolorido procura abrigo com pressa.

Percebendo cada lágrima se machuca, dói em ondas, em ondas...esse ciclo aperta todo meu corpo como uma camisa de força e me empurra a esboçar uma reação. Instintivamente isso tem que acontecer. Quando quase virando cinzas, quero um soprinho de oxigênio e acho até que mereço. Deus realmente aparece pra que um pequeníssimo ponto de fogo se mantenha aceso.

Viver essa graça (por que não dizer essa palavra) é bonito, é marcante, é reconfortante.

Dá até pra acreditar que sou digna de confiança, amor, respeito, afeição.

Deus, obrigada por essa chance!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Meus muros

Construí muros
Longos, resistentes
Eternos?
Penso como fiz
pra derrubar uns poucos
É, a muito custo já consegui
Não é só querer
Tem que quase morrer
É bem por aí
Quando o limite chega
e fica bem visível, irreversível
Ele é o algoz e talvez o salvador
Quero respirar, quero mais uma chance
Aí é que talvez encontre
Uma nova paisagem
Que preciso ainda percorrer, reconhecer
Me sentir dentro dela
Descobrir novamente
como não deixar os muros serem tão imponentes assim.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Temperatura da Relação

Confesso-me uma pessoa cansada de ver e ouvir tantos diagnósticos prontos, tantos veredictos, tantas verdades absolutas a respeito das relações humanas. Logo essas, que enchem os consultórios de psicologia, as universidades de psiquiatria e afins.
Nada espantoso, se pensarmos que não há nada mais complexo do que nós, essa raça dominante, dotada de inteligência de desconhecidos limites... conviver é preciso, desde o nascimento, desde sempre. Família, primeira escola, vizinhança, trabalho, ruas, não importa. Desejamos ardentemente estar com alguém por quem sentimos amor, fazemos filhos! Esse estar com alguém pode ser durante pouco ou muito tempo, dividindo o mesmo teto ou não. Mas há de haver minimamente momentos de comunicação, de envolvimento, de repartir, de trabalhar juntos, de pedir ajuda e contar com ela. Cada qual trazendo sua própria história de vida, seus vícios, suas famílias, enfim, aquele pacote. Pronto, o caldeirão de emoções está borbulhando ali pra gente administrar. Nada mais dífícil na vida.
Às vezes com um aroma delicioso, aparentando lindos matizes, uma mistura de textura perfeita e paladar agradável, leve... outras, deixando um gosto muito amargo na boca, quente ou fria demais, passando do ponto ou nunca chegando a ele, ahhhhhhhhh!!
De que forma mexemos essa massa que temos no nosso caldeirão particular?
Só sei que acho um saco ficar ouvindo a todo momento análises tão frias quanto as sentenças conseqüentes sobre como está a relação dos casais. E uma palavra foi uma descoberta muito "profunda" pra definir isso: morna/o. "Aquela nossa amiga? Não, ela não vai agüentar o namorado..a vida deles tá muito morna"... ou "Ah, aquele casamento tem 15 anos, tá muito morno, não dá mais"...ou "Eles terminaram, é? Eu sabia, eu via que tava tudo muito morno"...
Mas o que é isso? Morno significa tépido, pouco quente, sem energia. E....?
Acho que a gente tem que dar um tempo nessa chatice, tem que ver que ao longo da manutenção de uma vida a dois, estamos nos refletindo o tempo inteiro. Batendo de frente com um turbilhão de acontecimentos particulares e que esses trasformam constantemente cada um individualmente e fatalmente enquanto membro de um casal. Dependemos diretamente de todas as nossas vivências pra estarmos de algum jeito x, y, z, com a nossa própria pessoa e com quem dividimos a vida. Como se pode, então, estar sempre de um modo só?? Como alcançar essa proeza do quente como ideal? Do quente sempre 100% integração de sentimentos, de erotismo, de trabalho, de energia.... bela falácia!
Acredito, sim, que a gente deva estar sempre buscando o outro. Buscar a parceria, a amizade, o amor. E acho que isso só é viável pra aqueles que têm uma palavrinha mágica no modo de viver: INTERESSE. Se a gente tem interesse no parceiro, se a gente ama de verdade, tem que olhar nos olhos. Sentir o que o outro sente, tentar com que ele sinta o mesmo por nós. Abraçar, estar junto, tentar ouvir mesmo o que for mais difícil e falar sobre si, se revelar. Comungar do emso amor. Amor esse que cada um desenvolve de seu modo, transmite de seu modo, mas que possa levar os dois pra um enlace que apóia. Que permite idas e vindas, silêncio e barulho, festa e quietude, loucura e lucidez... que permite o quente, o morno, o frio. O que estiver possível para cada um. Nenhuma temperatura se mantém sempre igual. Em nenhum lugar da Terra. Nem no coração da gente.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Amada Perua


Saudades da minha amiga Priscilla Mariah.

Priscilla Mariah era "A" perua. Quase uma profissional na arte da peruagem.

Deveras superficial, gastava sem remorso quantias enormes com inúmeras bobagens e futilidades (aos olhos de um cidadão mal encaixado na classe média remediada).

Levava a passear Katheryn, sua cã - obviamente uma pooddle- quando a pé, puxada por uma coleira em couro de coelhinhos selvagens, desenhada por um de seus amigos estilistas que não ligam para nenhuma atitude ecologicamente correta! Quando motorizada, "mammy" ia dirigindo sua discreta BMW esportiva vermelho-glitter esparramando-se em reclináveis e afundáveis assentos de couro bem recheados, feitos sob encomenda.

A dócil espécime animal acompanhava, como podia, sua dona...usava unhas muito bem manicuradas e a pelagem, cortada pelos melhores pet.coiffeurs da cidade, era tingida de azul-hortência.

Também seu latido foi reeducado, passando ela a latir com sotaque francês.

Minha amiga sabia colecionar sapatos e bolsas combinando, celulares, calças jeans bordadas combinando com jaquetas. Anéis com pedras gigantes,cujo brilho fazia arder os olhos, brincos em argolas que poderiam ser braceletes, sempre com algum penduricalho fazendo um som irritante...bem, qualquer um dos ítens de que lembrei não eram dela senão houvesse um mínimo detalhe de onça, zebra, cobra, tigre.

SP Fashion Week era evento meio sem graça para a vistosa Priscilla Mariah. Imagina, sentar ali e assistir show de tendências que fazem algum sentido... harmonizando nuances de cores, de tecidos. Entender conceitos...nem pensar!! Ela sempre pensou em desenvolver sua própria marca, para mostrar ao mundo que é possível ser feliz misturando o ó com o borogodó. Criatividade a serviço da espalhafatice! Isso, sim, era conceito!

Ah, Priscilla Mariah...como esquecer quando você ia me encontrar às 7 naquele nosso happy hour, mas chegava às 8 e meia porque a troca de roupas em casa te cansava e frustrava, e você acabava num shopping, comprando umas 4 sacolas de griffes caríssimas. Todas trazendo peças do arrebatador bom gosto que lhe era peculiar.

Se você, por obra do acaso, ler esse texto, pegue suas 5 malas Luis Vuitton cravejadas de cristais Svarovysk, arrume suas modestas coisinhas e venha passar uma tarde comigo, sua perua!!!



sábado, 7 de julho de 2007

A SÍNDROME DO MAL ATENDER

Parece que há uma epidemia. Uma situação generalizada. Uma síndrome que parece estar fora de controle.
De uns bons tempos pra cá, tenho ficado muito irritada com a inaceitável forma de atender de quem se dispõe a pôr um negócio na praça. O sujeito tem que passar por tantas etapas cansativas pra realizar aquele sonho, investe dinheiro, tempo, suor e lágrimas. Escolhe um bom ponto para atuar. Contrata pessoas para estarem à frente, no atendimento, muitas vezes passando por treinamento! Assim, são consideradas prontas e capacitadas para tal função.
Finalmente, está pronto e aberto ao público o seu resultado!! Orgulho!
Então, vamos nós, pobre público usuário, prestigiar a tal empresa, que tem exatamente o tal produto de que necessitamos! E poxa, foi tão bem anunciadinho, vendeu uma imagem tão boa!
Nesse momento é que tenho me deparado com comportamentos que, pelo menos pro meu modo de entender, fogem completamente do padrão de um negociante que deseja CONQUISTAR seu cliente. Aquela máxima, a primeira impressão é a que fica, tratar bem pra que se tenha vontade de voltar, de consumir!! Não seria esse o objetivo??
É, mas a coisa tá difícil, a cara feia tá mandando ver! Quando procuro algum serviço, produtos em loja, tenho suores só de ver que se esboça aquele monstro do mau atendente, vendedor, qual seja o nome! Afinal, qualquer que seja ele, se o cara é garçom, maitre, diretor de escola, balconista de loja, dono de loja de tijolos, entregador de pizza... o que interessa é que aquela empresa deve estar interessadíssima em ser bem representada, em atender com o básico da boa educação! Mas parece que agora qualquer bosta de atendimento serve, se a gente quiser falar mal, fala...se não quiser mais o produto, azar... não se sentem, por isso, com o menor medinho de perderem o mais precioso! Dá raiva sentir que há desprezo por quem consome! Porra, que burrice!
Muitas vezes, já senti a pergunta saindo..."você não tem medo do desemprego?"
É, na prática, todos temem demais o desemprego. Mas vejo muuuuuuuuuuita gente não honrando o santo emprego que já tem. Não usando com dignidade o espaço que conseguiu conquistar, ou que algum desavisado tenha lhe dado com boa intenção.
O jeito é desprestigiar violentamente quem foi contaminado por essa síndrome e , em contrapartida, valorizar quem se valoriza!

quarta-feira, 27 de junho de 2007

"Família Móbile"

Já confeccionou um móbile?
Bem, sabemos que o equilíbrio é tudo num móbile. O peso das peças, o tamanho dos fios, o formato de ambos, o material empregado, o local onde será pendurado....tudo isso, necessariamente, deve estar em harmonia. Todos os elementos devem interagir, tornando-se um corpo só.
Por esses dias, me apareceu essa imagem enquanto voltava pra casa. A minha família é uma "família móbile" . É, parece óbvio (pô, isso vale pra todo mundo!!). Sei, mas é que normalmente, no dia-a-dia, não estamos enxergando assim. Essa evidência aparece sempre por conta de algum evento onde exista uma perda, onde uma das peças se enrosque nos fios, pesando demais ou de menos. Fazendo com que o conjunto de desarmonize, perca sua beleza e sua função ornamental.
Um elozinho da nossa vida de casa saiu do lugar. Trouxe uma angústia, uma sensação de impotência, e debilitou a todos. Constatei que a gente tem que se mobilizar prontamente não só para cuidar daquele ponto que se desarrumou, mas de todos os outros pontos que a ele estão interligados. Tarefa difícil! Exige força, coragem, altivez...mas a gente tá fragilizado, querendo colo!!!!!!!!!Cadê isso tudo??
Os elementos que saíram do eixo e estão mais inteiros vão, aos poucos, produzindo uma nova estrutura. Refazemos, reformulamos...somos capazes!
Lá vem o novo móbile surgindoooooooooooooo!!!!

domingo, 17 de junho de 2007

Sir Charles Chaplin

Há muitos anos não me sentava pra assistir a nenhum filme de Chaplin. Todos de que gostei, já vi e revi mil vezes. Até o que retrata sua vida, em que Robert Downey Jr. é o protagonista.
Hoje, revendo "Tempos Modernos", me aproximei novamente de alguém que tem uma obra da qual nunca, nunca, posso me afastar por muito tempo! É bom demais saborear suas cenas sutis, onde revela uma enorme sensibilidade no movimento corporal, na música, nas sequências, no humor...seu gestual sempre me encantou! Lembro da primeira sequência da indústria, onde ele enlouquece numa linha de montagem...putz, ele se movimenta o tempo todo, numa coreografia graciosa, dentro do espírito pirado! Elegantemente bailarino! Sem falar em todas as cenas de patinação sobre rodas...imperdíveis! Sua leveza, seu rosto expressivo, sua sagacidade...sou muito apaixonada por esse ser! Sei lá se ele era uma boa pessoa, já li ene coisas que a filha dele, Geraldine, contou sobre a infância, sobre a relação deles, enfim. A maioria dos comentários não era coisa de encher os olhos, não sei.
Bem, como me portar diante desse ídolo, que adoro desde sempre, senão (sendo redundante) idolatrando, não é? Só posso estar aqui admirando, me deliciando com todos os seus filmes, canções, documentários... vou continuar me arrepiando diante disso tudo. Diante daquele olhar trocado em close na última cena de "Luzes da Cidade".
Diante dos beijos e abraços intensos trocados quando reencontra o menino em "O Garoto".
Diante da dança dos pãezinhos em "Em Busca do Ouro".
Charles Spencer Charles. Um ser muito especial.
Luz que brilha diferente, eternamente!

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Minha Estréia

Estou vivendo um momento novo. Estou tendo contato com um lado meu que não conhecia muito bem. A religiosidade.
Conhecer essa força da vida me eleva, me conforta. Cuidar de tantas emoções diferentes, contraditórias mesmo, admitir que elas coexistem dentro da gente...é barra pesada! A gente se vê , de repente, como um ser insano, querendo desistir, incapaz de ter esperança... E aí, quando realmente perdemos o chão, a razão, não tem outra saída, só podemos ver esse caminho.
Resolvi ,então, me deixar levar, experimentar mais. Não reprimir essa tão simples maneira de estar nesta vida!!