sábado, 3 de janeiro de 2009


Passa de 11 da noite. Concluí que não tive um dia bom. Não estive tranquila. Um mixto de ansiedade, tristeza, sonolência, carência, nervosismo e raiva. Mas, na maior parte do tempo, senti mesmo foi o peso da carência e da raiva. Tentei me concentrar em leituras, mas não consegui. A todo instante, involuntariamente, era invadida por lembranças de cenas em que ouvia, via o que me causa repulsa, indignação... não sei, mas queria explodir!!!!!!

Comecei, então, durante o tempo em que dirigia, voltando pra casa, o que aconteceria se eu, de fato, me desintoxicasse, colocando tudo isso que me envenena, pra fora!

Tenho a impressão de que seria capaz de esmurrar qualquer coisa, até quebrar meus braços. E nem sentiria. E se fosse isso, acrescido dos gritos que estão presos aqui dentro, que fazem com que eu pare de respirar? Palavras esbravejadas com toda a força dos pulmões e da revolta. Não por ser incompreensiva, desumana. É justamente pelo contrário...quero ser humana e compreensiva... mas comigo mesma, meu Deus!! Quero ter TODO o direito de falar em voz alta sobre como é duro ter me submetido a atos desrespeitosos, que me fizeram sentir considerada alguém bem diferente de quem eu sempre pensei ter sido.

Já me rendi a essa realidade, é óbvio! Como todo mundo, fui norteada por valores morais e sociais . Desde sempre acreditei neles!!

Meu auto-conceito , que inclui falhas, muitos erros, justificariam causar antipatia, indiferença, distância. Mas julguei não haver lugar pra deslealdade ou traição, dentre todos com quem sempre lido e lidei, com quem acho que fui boa pessoa.

Sei que não estou sendo injusta com ninguém, que não estou pecando, sobretudo!!

É que hoje, estive carregando alguém muito além do meu peso. E descobri que esse é o peso de uma mágoa.

Atualmente, estou transformada, sim. Em baixa, em crise, sentindo tudo com força. Saudades, carência, ressentimento, sentimento de culpa, gratidão a Deus! Estou aqui, diante de meu próprio sentimento, analisando como é seu semblante. Que cara ele tem, que poder ele tem. Dialogo com ele todos os dias.

Até que eu possa emergir, não sei quanto tempo terá passado. Não sei quantas escadarias terei subido e descido. Não sei quantos papéis terei rasgado, quantas fotos terei me negado a rever. Quantas vezes terei forçado meu coração a continuar quieto, a admitir que uma parte de mim morreu. E chorar muito por isso...Quantas vezes terei rogado paciência e paz a Deus.

Não sei o que vai sobrar, o que estará intacto ainda. O que tanto estou fazendo por aqui.






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