segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Chuva em mim


É tarde da noite. A chuva está quase passando.
Veio pela manhã e se nega a ir embora, persiste. Tento sentir seu delicioso cheiro o máximo de tempo, me debruço tentando alcançar a água fresca e finíssima. Gosto de fechar os olhos e deixar meu rosto sob aquela névoa molhada, geladinha. Um arrepio percorre minha nuca e viaja por todo meu corpo. Adoro essa sensação. Repito várias vezes esse ato, esfregando minha mão direita por trás das orelhas, cabelos, até os ombros. Deixo-me levar por essas ondas de arrepio até vir aquele calafrio inevitável. Fico mais um tempo ali, nesse quase abraço.
Começo a olhar mais atentamente para os fios de um poste a outro. Tenho uma visão linda dos pingos que ali ficaram, caprichosamente pendurados, equidistantes. Por cada ângulo que olho, os pinguinhos assumem uma cor e uma luminosidade. Verde, vermelho, laranja, branco. Um pisca-pisca natalino feito de água.
Durante uns minutos fico sentindo o friozinho e admirando aquela arte da natureza.
Querendo gravar em mim um momento que é capaz de harmonizar meus sentidos.

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