quinta-feira, 9 de outubro de 2008

MEU TEMPO

Tempo. Você está a meu favor ou contra mim? Não entendo vida só como passar as horas executando tarefas e relembrando todas as cenas vivdas até aqui. Um insistente repassar de todo esse painel. Tanta história...mas sempre lembranças.
Vejo a idade com olhar bem realista. Não é o findar, necessariamente. Mas é o reconhecer que alguns sonhos já tiveram sua época de investimento. Saber sair disso e olhar pra frente com consciência de expectativa é difícil pra mim. Agora. Por ora.
Não sei nada de viver, mesmo tendo nas costas uma bagagem de muitos aprendizados e experiências. O lado doloroso da vida é difícil, amargo e cruel, sim. Quem já não o experimentou? Mas aprender como enfrentá-lo é bem mais complexo do que eu sempre pensei. Para cada circunstância, vejo que meus conceitos anteriores quase não me servem. São desdobramentos infindáveis que se apresentam. Uma imagem que se assemelha a isso é me ver após a arrebentação num mar bravio. Mal a gente se recupera em fôlego e força de uma onda, não há tempo pra respirarmos mais algumas vezes. Somos atingidos por outra onda. Talvez maior, talvez mais turbulenta, mais violenta.
Estou me sentindo assim agora. Ainda não consigo respirar. Acho que nem é o momento, mesmo. Preciso de mim. Preciso me puxar. Preciso olhar pros escombros e pro que está de pé.
Tenho um amor guardado dentro de mim que não posso negociar. Só declarar. Só expor.
Não mereço mais essa melancolia. Esse estado de espera e de não enxergar, de estar só, à noite, num lugar desconhecido. Pisando em terreno instável, escutando vozes que não reconheço. Por outro lado, ouvindo expressões que me repelem e são velhas conhecidas.
Consigo identificar um lado fascinante nisso tudo . O de me sentir transigente. Quanto mais velha fico, mais ganhos tenho nesse aspecto. Todos somos capazes de derrubar convicções maiores que nossa vivência conhece. E dali pra frente, adotar as novas formas e conceitos, introjetá- los.
Quanto mais vivo, mais conheço essa minha capacidade.
Só sei que, um pouco encolhida, meio louca, ferida e sem medo de cair, vou enfrentar esse medo .
Parece que em cada cantinho vou descobrindo um motivo pra me assustar. Mas não volto mais atrás. Não consigo mais recuar. Vou sentir essa dor até o fim.

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